Sete catedrais da região Norte vão integrar uma rota de turismo cultural
ode ser uma daquelas ocasiões em que o todo se torna maior do que a soma das partes: sete catedrais do Norte vão passar a pertencer a uma rota de turismo cultural, que começa a tornar-se visível no Natal.
A ideia de fundo é aumentar a visibilidade destes monumentos junto dos visitantes, numa iniciativa que prevê a implementação de uma estratégia de comunicação comum aos diferentes espaços, bem como a realização de obras de recuperação dos edifícios.
A Rota das Catedrais terá uma sinalética própria, que vai estar presente nos sete monumentos religiosos integrados nesta iniciativa: as Sés de Braga, Porto, Lamego, Viana do Castelo, Miranda do Douro, Vila Real e Bragança.
Ao mesmo tempo, o projecto vai permitir criar novas áreas de recepção aos visitantes em cada um dos edifícios, bem como espaços (quatro centros interpretativos e três centros de informação) que permitam ter acesso a mais informação sobre cada uma das estruturas e sobre a rota como um todo.
As catedrais são um património que “não tem sido considerado como um todo coerente”, admite o director-regional de Cultura do Norte, António Ponte. Esta Rota quer dar uma nova leitura a esse legado, através da sua comunicação conjunta. A iniciativa associa também um programa cultural que fará das catedrais um palco, como forma de aumentar a visibilidade pública e a capacidade de atracção de turistas para estes espaços.
Estas acções começam na próxima quadra natalícia, com um ciclo de concertos de Natal mas sete Sés. A Rota das Catedrais do Norte prevê ainda o acolhimento de exposições e instalações itinerantes e ciclos de teatro, por exemplo.
Além da componente de comunicação, há também um lado de preservação do património associado a esta Rota, com um conjunto de obras que consomem boa parte dos 4,5 milhões de euros destinados a este projecto – co-financiados por fundos europeus e também pela DRCN, Cabidos das Sés e fábricas das igrejas.
Na semana passada foi iniciada a intervenção na Sé de Braga para instalação da estrutura de acolhimento aos turistas, que passarão a ter uma entrada dedicada à visita, separada do acesso comum aos utilizadores do templo para o culto católico. Esta é a primeira de uma série de obras no templo bracarense, que inclui o restauro do Retábulo das Almas, da pia baptismal e da pintura mural de Nª Sª do Loreto e dos azulejos da Capela de S. Gerado.
A obra em Braga foi a mais recente a ir para o terreno, mas as catedrais de Lamego – onde está prevista uma intervenção na fachada e a estabilização dos vitrais do janelão do coro alto, por exemplo –, Porto (restauro da urna de “Quinta-Feira Santa” e das pinturas murais e no supedâneo em pedra da sacristia gótica), Viana do Castelo (retábulos das capelas de Nossa Senhora das Dores e Nossa Senhora dos Artistas) e Miranda do Douro também estão já a ser intervencionadas.
A catedral do interior da zona de fronteira é aquela para a qual está prevista a intervenção mais urgente, na conservação e restauro do cadeiral da capela-mor, um património em risco de perda.
As outras duas catedrais incluídas na Rota do Norte são casos particulares. Em Vila Real, a intervenção física já está terminada, faltando agora concluir o concurso público para a aquisição de um órgão a instalar na Sé.
Apesar de não estar incluída na candidatura, por ser uma construção recente (foi inaugurada em 2001), a Sé de Bragança também vai receber um centro de informação e ser incluída na Rota para efeitos de divulgação.
A Rota das Catedrais tinha sido criada há cinco anos, fruto de um protocolo que juntou o então Ministério da Cultura e a Conferência Episcopal Portuguesa. A iniciativa não tinha sofrido grandes avanços e o acordo caducou mesmo, no ano passado, mas o projecto acabou por ser, entretanto, renovado pelo actual secretário de Estado da Cultura. O programa nacional foi depois remetido para as Direcções-Regionais para ser operacionalizado.
Quatro templos no Alentejo
No Alentejo, a iniciativa Rota das Catedrais contempla um conjunto de intervenções nas catedrais de Évora, Beja e Portalegre e na Concatedral de Elvas. De acordo com Ana Paula Amendoeira, directora regional de Cultura do Alentejo, as obras em causa implicam um investimento de quase seis milhões de euros.
Na catedral de Beja, um imóvel não classificado mas abrangido po uma zona de protecção, já foi iniciado o projecto, que está orçado em cerca de 1,4 milhões de euros. Em Portalegre, já foram investidfos 73 mil euros na reabilitação da cobertura. Segue-se a segunda fase do projecto, com uma previsão de despesa 75 mil euros. A Fundação Robinson, por sua vez, adjudicou por cerca de 45 mil euros, um levantamento da catedral e dos edifícios contíguos. Foi ainda efectuada uma intervenção no vitral de um janelão da catedral que custou 5 mil euros.
Relativamente à catedral de Évora, classificada monumento nacional, foram realizados pelo Instituto Português do Património Arquitectónico, entre 2000 e 2006, vários estudos e intervenções físicas integrados no III Quadro Comunitário de Apoio que absorveram um montante aproximado de 4,2 milhões de euros. Dificuldades orçamentais “estarão na origem da interrupção do programa de recuperação da catedral”, iniciado pelo QCA III observa Paula Amendoeira.